segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Por que o ato de pensar e aprender é tão exaustivo? Que energia é essa que gastamos para conseguir formular um pensamento ou aprender um conceito? Por que nos recuperamos mais depressa de um trabalho físico do que de um trabalho intelectual?

O cérebro consome energia para a realização de tarefas, assim como todo o resto do organismo. Essa energia vem da quebra de moléculas, principalmente a glicose.
Seja para realizar um ato de pensamento ou um de esforço conceitual, a energia utilizada será proporcional ao número de neurônios (células nervosas) envolvidas no processo.
Nada indica que aprender requeira mais energia do que subir uma ladeira. No entanto, o trabalho cerebral pode exigir um número muito maior de etapas de processamento neuronal do que a simples execução de um programa muscular já conhecido ou fácil.
Imaginar qualquer relação entre atividade mental e consumo de energia é o mesmo que perguntar se um motorista gasta mais gasolina se estiver dirigindo com prudência e habilidade do que se estiver conduzindo seu carro de maneira deselegante e perigosa. No limite, pode haver uma relação entre dirigir com graça e elegância e consumir menos energia. Da mesma forma, o indivíduo que gasta mais energia para pensar pode estar realizando alguma tarefa acima de sua capacidade ou de dificuldade exagerada.
Não há uma relação importante entre gasto de energia, sensação subjetiva de exaustão (que depende também de outros fatores) e processamento mental – este em oposição ao processamento de planos motores, como os envolvidos em um exercício físico.
É possível que a leitora esteja impressionada com alguma sensação própria, individual, procurando generalizar algo que varia enormemente de caso para caso.

[CH 133 – novembro/1997]

Henrique Schützer
Del Nero
PSIQUIATRA, COORDENADOR DO GRUPO DE CIÊNCIA
COGNITIVA DO INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS
DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Nenhum comentário:

Postar um comentário