quarta-feira, 22 de setembro de 2010

É possível usar o DNA como ferramenta para reconhecer diferenças entre animais da mesma espécie, que vivem em áreas separadas ou distantes umas das outras?

Da mesma forma que o DNA tem sido utilizado para mostrar diferenças genéticas em humanos, os demais animais também são passíveis de estudo com essa mesma ferramenta. A genética ecológica é a área de investigação científica que usa a variabilidade genética animal e vegetal para estudar a biodiversidade.
A variabilidade do DNA de várias espécies animais é bastante estudada nos países desenvolvidos e começa a ser pesquisada no Brasil. Os objetivos desses estudos vão além de simplesmente discriminar populações de uma mesma espécie.
Eles podem determinar graus de diferenciação entre populações, alteração de variabilidade pela ação antrópica (destruição de florestas etc.), níveis de endogamia (acasalamento entre parentes), níveis de introgressão (transferência de genes de uma espécie para outra pela formação de híbridos férteis) etc. Tais estudos já foram utilizados para promover o acasalamento de micos-leões-dou
DNA em suas células. Quanto mais se conhece o genoma (o mapeamento completo de DNA de uma espécie), é possível utilizar ferramentas mais adequadas para estudos desse tipo: seqüências de DNA, mutações pontuais (alterações em bases únicas no DNA), seqüências repetitivas (micro e minissatélites) etc.
Quando não se conhece o genoma, empregam-se técnicas menos precisas, como o DNA
No nosso laboratório iniciamos um banco de DNA de espécies animais no fim de 1999 (ver http://www.icb.ufmg.br/~lbem/ddb). Com ele, pretendemos obter uma coleção representativa de espécies de nossa fauna nativa na forma de DNA, para promover o estudo em detalhe desses genomas e desenvolver ferramentas para detecção de variabilidade genética. Isso está sendo feito em colaboração com vários laboratórios e instituições de Minas Gerais (incluindo o Ibama), usando-
se sobretudo material de animais mortos.
Conhecendo-se as ferramentas adequadas para cada espécie nativa do Brasil podemos propor estratégias de conservação e preservar nossa biodiversidade com o auxílio da genética molecular.
[CH 164 – setembro/2000]

Fabrício Rodrigues dos Santos
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA
GERAL, INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS,
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
rados menos aparentados (com menor grau de endogamia) e evitar a extinção dessa espécie brasileira. A diferença dos estudos em humanos e outros animais é que sobre os primeiros muito se conhece da seqüência defingerprinting ou RAPD (DNA polimórfico amplificado aleatoriamente), que produzem uma impressão digital capaz de diferenciar indivíduos de uma mesma espécie e também populações. Vários métodos estão sendo desenvolvidos atualmente para tentar melhorar as ferramentas de discriminação de animais de distintas espécies.

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